Alinne Moraes estreia Dorotéia em São Paulo, no Teatro Raul Cortez



Sob a direção de João Fonseca, atriz estrela montagem da obra de Nelson Rodrigues em comemoração ao centenário do autor


“Uma farsa irresponsável”. Essas foram as palavras usadas por Nelson Rodrigues para definir o texto que escreveu em 1949.

A peça, montada pela primeira vez em 1950 por Zbigniew Ziembinski, com Eleonor Bruno no papel principal, ganhou nova roupagem nas mãos de João Fonseca, um dos mais produtivos diretores da atualidade, tendo Alinne Moraes, uma das principais atrizes da TV e do cinema nacional no papel principal. Depois de uma temporada no Teatro Poeria, no Rio de Janeiro, “Dorotéia” chega agora a capital paulista.

Considerada por muitos como uma peça “maldita”, “Dorotéia” foi escrita especialmente para Eleonor Bruno, que manteve um romance com o autor no final da década de 40.

“Dorotéia” conta a história de uma mulher que abandona a prostituição após perder o filho e procura a família como salvação. Chegando à casa de suas primas viúvas, D. Flávia, Carmelita e Maura, depara-se com três figuras medonhas que a repudiam por conta de sua beleza e lhe impõem uma condição: que ela fique feia. D. Flávia, a mais radical do grupo, acredita que os atributos físicos de Dorotéia podem encher sua casa de pecado. As três viúvas são feias e acreditam que os desejos da carne geram a perdição. Para interpretá-las João Fonseca convocou três homens: Gilberto Gawronski, Alexandre Pinheiro e Paulo Verlings. Os atores trazem o universo masculino para dentro da obra e transformaram as mulheres em monstros destituídos de vaidade e feminilidade.

Completam o elenco Keli Freitas, que vive a jovem Das Dores, e Marcus Majella, que também da vida a uma mulher.

O feminino em “Dorotéia” é representado pela protagonista, que busca o caminho da virtude, e, também, por Das Dores, filha de D. Flávia. A mais jovem das personagens é prometida ao filho de D. Assunta da Abadia e acaba se virando contra a mãe ao longo da narrativa ao se deparar com o masculino pela primeira vez. O caos familiar se instala na casa e a repressão imposta aos desejos sexuais dessas mulheres é ameaçada.

A montagem de João Fonseca revê um clássico do teatro nacional com os figurinos de Thanara Schönardie e com a cenografia de Nello Marrese, parceiro de João em diversos outros espetáculos.

Serviço:
Local: Teatro Raul Cortez (Rua Doutor Plínio Barreto, 285, Bela Vista)
Temporada: 28 de julho a 14 de outubro
Horários: sextas às 21h30, sábados às 21h; domingos às 19h
Ingressos: R$60,00 (sexta-feira e domingo) e R$ 70,00 (sábado)
Bilheteria: De terça a quinta-feira. Das 14h às 20 horas. Sexta-feira a domingo, das 14h até o início do espetáculo. Os ingressos também estarão disponíveis pela internet: www.ingressorapido.com.br, telefone: 4003-1212.
Estacionamento Valet: R$20
Classificação etária: 14 anos.

Ficha técnica:
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: João Fonseca
Elenco
Alinne Moraes (Dorotéia)
Gilberto Gawronski (D. Flávia)
Alexandre Pinheiro (Carmelita)
Keli Freitas (Das Dores)
Marcus Majella (D. Assunta da Abadia)
Paulo Verlings (Maura)
Figurinos: Thanara Schönardie
Cenografia: Nello Marrese
Iluminação: Luiz Paulo Nenen
Realização: Artcênicas Ideias e Soluções Artísticas

Sinopse: Dorotéia é uma linda mulher que larga a prostituição após a morte de seu filho. Depois de alguns anos afastada da família, ela procura suas primas para ter uma vida decente. Porém, as três primas, todas viúvas, repudiam-na por causa de sua beleza. No decorrer da história, inicia-se uma tentativa irracional de levar Dorotéia ao caminho da virtude e das privações. O enredo, envolvente e repleto de fantasias, fará o espectador conhecer um mundo caótico, onde o feio torna-se a representação da pureza, onde o ser humano revela suas múltiplas facetas.

O projeto conta com o patrocínio de: U.ni, Apsen, Knauf e Ministério da Cultura, e com os apoios de Rede Globo, Elemídia e Avianca. Realização Artcênicas e Ministério da Cultura.

O autor
Nelson Rodrigues
Autor de outros 17 textos teatrais, o recifense radicado no Rio de Janeiro Nelson Falcão Rodrigues completaria 100 anos em 2012. Motivo suficiente para festejar uma obra que inclui textos teatrais, romances, contos e crônicas. Nascido no dia 23 de agosto de 1912 em Pernambuco, Nelson muda-se com a família em 1916 para a capital carioca. Já maior de idade, trabalha no jornal A Manhã, de propriedade de seu pai, passo inicial para a sua carreira.

Foi repórter policial, o que o levou a acumular experiência na confecção de seus textos teatrais sempre focados na sociedade e na família. Sua primeira peça foi “A Mulher Sem Pecado”, que lhe rendeu os primeiros sinais de prestígio no cenário artístico. Porém, o sucesso mesmo chega com a montagem de “Vestido de Noiva”, um marco ao transportar para a cena uma narrativa não linear e um cenário que representava os três planos que se intercalam na história: alucinação, realidade e memória. Em 1943, tais construções cenográficas e de iluminação eram uma novidade dentro de um Teatro que, até então, não poderia ser chamado de Moderno.

A obra teatral de Nelson Rodrigues é dividida em Peças Psicológicas, Peças Míticas, Tragédias Cariocas I e Tragédias Cariocas II. Tais definições representam bem o caráter dos personagens rodriguianos: trágicos, conflituosos, verdadeiros mitos. Em suas obras, a realidade que lhe foi apresentada ao longo dos anos em que trabalhou como jornalista situa a ação, que “se concentra de fato sobre o universo interior das personagens (...), o jogo entre a verdade interior – nem sempre psíquica – e a máscara social” (Revista Bravo, julho de 2007). E são justamente essas máscaras sociais que caem por terra ao longo da narrativa rodriguiana.

Currículos

O diretor – João Fonseca

João Fonseca inicia sua trajetória como pelas mãos de Antônio Abujamra, tornando-se co-diretor de diversos trabalhos para a companhia Os Fodidos Privilegiados. Entre as montagens do grupo que se destacam estão “O Casamento” (1997), de Nelson Rodrigues, e “Auto da Compadecida” (1998), de Ariano Suassuna. Por “O Casamento”, recebeu, ao lado de Antônio Abujamra, o Prêmio Shell de melhor direção. Por outros trabalhos da companhia, também foi indicado ao Prêmio Shell de melhor direção: “Tudo no Timing” (1999), “O Casamento do Pequeno Burguês” (2003) e “Édipo Unplugged” (2004). Fora do grupo, João Fonseca esteve à frente do sucesso “Minha Mãe É uma Peça” (2006), de Paulo Gustavo, e dos musicais “Gota D’Água” (2007), “Opereta Carioca” (2008) e “Era no tempo do Rei” (2010). O diretor nascido em Santos ainda foi indicado ao Prêmio Shell por “Escravas do Amor” (2006), “Pão com Mortadela” (2007), “A Falecida” (2008) e “Oui Oui a França é aqui” (2009) e foi agraciado com o mesmo troféu no ano de 2011 por “Maria Caritó”, de Newton Moreno. Sendo considerado um dos mais produtivos e atuantes diretores da atualidade, João também esteve à frente de “R & J – Juventude interrompida”, elogiada versão de “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare, “Comédia Russa”, com Os Fodidos e Privilegiados, e “Tim Maia – Vale Tudo”, musical de grande repercussão.

A Doroteia – Alinne Moraes

Considerada um dos maiores talentos de sua geração, Alinne Moraes estreia o segundo espetáculo teatral de sua carreira interpretando o papel título de “Doroteia”. A primeira experiência nos palcos foi em 2007 com “Dhrama – o incrível diálogo entre Krishna e Arjuna”, sob a direção de João Falcão, que cumpriu temporada no Teatro do Leblon. No cinema, a atriz fez parte dos elencos dos recentes longas-metragens “Heleno” (2011), dirigida por José Henrique Fonseca, e “O Homem do Futuro” (2011), de Cláudio Torres, além de participações nos filmes “Os Normais 2” (2009) e “Fica Comigo Esta Noite” (2006). Iniciando sua carreira como modelo, estampou inúmeras capas de revistas, editoriais de moda e campanhas publicitárias, chegando à TV Globo em 2002, na novela “Coração de Estudante”. De lá pra cá, interpretou personagens conhecidas do grande público, como a adolescente lésbica Clara, de “Mulheres Apaixonadas”, a desequilibrada Silvia, de “Duas Caras”, e a paraplégica Luciana, de “Viver a Vida”, papeis que lhe renderam também elogiosos comentários da crítica especializada. Seus trabalhos mais recentes na televisão foram no remake de “O Astro”, na novela “Cordel Encantado” e nas séries “Amor em 4 Atos” e “As Cariocas”.

A Dona Flávia – Gilberto Gawronski

Depois de se formar na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), Gilberto Gawronski recebe seu primeiro Prêmio Mambembe de melhor ator em 1988 pelo espetáculo “Chapeuzinho Vermelho – em busca do coração secreto”. Nos anos 90, se apresenta com a criação performática do conto “Dama da Noite”, circulando por países como França e Inglaterra e por vários estados brasileiros. Passeando pelo universo da dança, criou o espetáculo “Sertão”, numa co-produção com a Demilition Inc. e o Veem Theatre em Amsterdam, e fez a direção de “Cruel”, da Cia. De Dança Deborah Colker. Também montou, dirigiu e atuou em “Na Solidão dos Campos de Algodão”, arrebatando o Troféu Mambembe de melhor espetáculo. Levou ainda o Prêmio Shell pela cenografia de “Por uma vida um pouco menos ordinária”. Em 2011, retorna aos palcos no monólogo “Ato de Comunhão”, considerada pelo jornal O Globo como uma das dez melhores peças do ano na cidade do Rio de Janeiro, lhe valendo indicações aos Prêmios Shell, APTR, Questão de Crítica e Qualidade Brasil de melhor ator.

A Maura - Paulo Verlings

Formado pela Escola de Teatro Martins Pena, Paulo Verlings desenvolve seu trabalho com a Cia. Teatro Independente desde 2006, ao lado do dramaturgo Jô Bilac. Com o grupo e sob a direção de Vinicius Arneiro, participou da montagem dos espetáculos “Cachorro!”, indicado ao Prêmio Shell de Melhor Direção em 2007 e há cinco em cartaz, e “Rebu”, texto de Jô Bilac indicado ao Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Além de seus trabalhos no teatro, Paulo Verlings também participou da série global “Força Tarefa”, interpretando o personagem Sidney.

A Carmelita - Alexandre Pinheiro

Após formar-se na Escola de Teatro Martins Pena e licenciar-se em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), o ator Alexandre Pinheiro ingressa na Cia. Os Fodidos Privilegiados em 1998. Desde então, tem atuado em todas as montagens do grupo que tem direção artística de João Fonseca. Entre seus mais recentes trabalhos estão os espetáculos “Cine-Teatro-Limite” (2008), pelo qual foi indicado ao prêmio de melhor ator coadjuvante pelo jornal Agora São Paulo; “Advocacia segundo os irmãos Marx” (2010), texto de Bernardo Jablonski; “Comédia Russa” (2010), de Pedro Brício, com a Cia. Fodidos Privilegiados; “Uma Festa Privilegiada” (2011), espetáculo comemorativo dos 20 anos dos F... Privilegiados; e “Geração Pocket – pessoas mal traduzidas” (2012), de Frank Borges, dirigido por Bruno Garcia.

A Das Dores - Keli Freitas

Formada pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), a atriz Keli Freitas ganhou experiência também como assistente de direção de nomes como João Fonseca, em “Tim Maia – Vale Tudo”, e Enrique Diaz, em “A Primeira Vista”. Como atriz de teatro, participou das seguintes montagens: “Comédia Russa” (2010) e “Me Salve, Musical!” (2011), ambas com textos de Pedro Brício; “Mente Mentira” (2011), com direção de Paulo de Moraes; “A mulher que matou os peixes... e outros bichos” (2010), dirigida por Cristina Moura; “Nu de mim mesmo” (2009), sob o comando de Jefferson Miranda; “As Bruxas de Salém”, com direção de Antonio Abujamra; entre outros espetáculos. Na TV, integrou o elenco do seriado “Quase Anônimos”, do canal Multishow; da minissérie “JK” e do seriado “Malhação”, na Rede Globo. Já no cinema, atuou em “O Diário de Tati” (2008), de Mauro Farias; “A Grande Família – o Filme” (2007), de Maurício Farias; e “Ressaca” (2010), de Bruno Vianna.

A Dona Assunta de Abadia - Marcus Majella

Marcus Majella fez o curso de formação profissional de atores na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), onde conheceu e passou a estudar com a diretora Celina Sodré, com quem trabalhou em algumas montagens. Participou também dos espetáculos “Faz Sentido”, dirigido por João Fonseca, e “A Geração Trianon”, por Dudu Sandroni. Na televisão, fez parte do elenco fixo dos seriados “Será que Faz Sentido” e “Barata Flamejante”, ambos exibidos pelo canal Multishow entre 2010 e 2011. Sempre envolvido com a comédia, Marcus ainda participou como jurado do programa “Casa Bonita” e como comentarista, ator e roteirista do “Big Brother Brasil: A eliminação”. Também no Multishow, estreia a segunda temporada de “220 Volts”, série protagonizada pelo ator Paulo Gustavo.

A figurinista – Thanara Schönardie

Com graduação em Tecnologia em Moda e Estilo e Comunicação Social, pós-graduação em Criação de Imagens por Meios Tecnológicos pela UCS - Universidade de Caxias do Sul, Thanara Schönardie desenvolve trabalhos de criação nas áreas de moda, figurino, artes plásticas e gráficas. Na televisão, participou do processo de criação das minisséries assinadas por Luiz Fernando Carvalho: "Capitu" (2008), "Afinal, o que querem as mulheres?" (2010) e do programa Criança Esperança (2009). Já no teatro, fez a criação de figurinos para personagens das peças “Zoológico de Vidro” (2008), “As Meninas” (2009) e assinou o figurino dos espetáculos "Amadeus" (2010), "O Menino que vendia palavras" (2011), "Fragmentos" (2011) e "A Pequena Sereia" (2011). Recentemente, desenvolveu em parceria com Luciana Buarque a criação dos figurinos para o Editorial Contos de Cristal publicado no Caderno Ela - Jornal O Globo - sob direção de Luiz Fernando Carvalho (2012).

O cenógrafo – Nello Marrese

Nello Marrese inicia sua carreira de cenógrafo e figurinista na Cia. Os Fodidos e Privilegiados. Seus mais recentes trabalhos como cenógrafo foram: “Xanadu” (direção de Miguel Falabella), “A Estupidez” (direção de Ivan Sugahara), “As Conchambranças de Quaderna” (direção de Inez Viana), “Opereta Carioca”, “Oui Oui... A França é Aqui!”, “R&J - Juventude Interrompida”, “Tim Maia – Vale Tudo”, “Cyrano de Bergerarc”, “Maria do Caritó”, “Comédia Russa” (todos com direção de João Fonseca). Foi indicado duas vezes ao Prêmio Shell: de Melhor Figurino, por “Os Negros” (2005), de Jean Genet; e de Melhor Cenário, por “Maria do Caritó” (2010). Recebeu indicação ao Premio Eletrobrás 2006 de Melhor Figurino por “Escravas do Amor”, de Nelson Rodrigues. Em 2008, foi indicado ao Premio Contigo de Melhor Cenário por “Opereta Carioca”, de Gustavo Gasparani, e em 2010, ao Prêmio APTR de Melhor Cenário também por “Maria do Caritó”. Foi o vencedor do Prêmio APTR 2007 de melhor cenário por “Gota d’água” e “Auto de Angicos”. Em 2011, recebeu o Prêmio FITA de melhor cenário por “Cyrano de Bergerac”.






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